quarta-feira, 24 de outubro de 2007

DCE: Passado e presente

Nessas nossas andanças atrás de apartamento, uma das coisas que mais me chamou a atenção foi o DCE. Ou a famosa, dependência completa de empregada.
Um quarto com banheiro, acessível pela porta dos fundos.
A idéia: deixar a pessoa com privacidade o bastante para entrar e sair quando bem entender.
A realidade: um quartinho que mal cabe uma cama, o que dirá um guarda-roupa, com um banheirinho que, tal como o quarto, mal dá pra se mecher. Com uma janelinha muito mixuruca, e completamente à parte do resto da casa. Pra não interferir na vida dos patrões.
Isso pra mim é um dos maiores sinais de como o nosso passado de escravidão continua tão recente no dia-a-dia dos brasileiros. O que é o DCE senão uma senzala?
Como é que se tem uma pessoa dentro da sua casa, que te ajuda num tudo, numa posição dessas? Bom o bastante para limpar e conviver durante o dia, mas não o bastante pra dormir no quarto ao lado.
Essa pessoa deveria ser tratada como outra qualquer. Com direito ao quarto que fica ali no corredor.
Sei não...

***

DCE: Past and present
In our rounds searching for an apartment one thing caught my attention: the DCE. Short in Portuguese for complete facilities for maids.
This is a bedroom with a toilet, accessible by the back doors.
The idea: let the person with privacy enough to come and go as she (usually is a she) pleases.
The reality: a room so small that barely fit a bed, let alone a wardrobe, with a toilet as small as the room where you basically can’t move. The window is so tiny, and the whole thing is completely apart from the rest of the house. All that so she won’t interfere in the bosses’ lives.
To me this is a clear sign of how our past of slavery is so recent in the Brazilian day to day life. What is the DCE if not a slave’s quarter?
How can anyone have a person working in their own house, helping out in everything, and still let them live like that? Is good enough to clean and stay in for the day, but not enough to sleep in the next door bedroom.
This person should be treated as any other one. This person should have the right to stay in that bedroom by the main hall.
I just don’t understand…

Nenhum comentário: